É isso que queremos?
Fácil constatar que aquele mundo futurístico
imaginado nas décadas passadas e ensaiado em tantas pecas cinematográficas esta obviamente cada vez mais impossível de
acontecer. Em lugar de um profundo desenvolvimento cultural e arquitetônico, o
crescimento desordenado cria uma paisagem caótica e incomodante, com ruas
intransitáveis e arranha-céus que encobrem outros arranha-céus, onde tem sol
aquele que esta no topo da cadeia econômica.
O
erro é de fácil constatação. Nas escolhas a economia sempre prevalece como
prioridade maior do que um meio ambiente saudável e uma arquitetura que valoriza nossa historia e cultura. O importante, antes de tudo, é comercializar
rápido, aquecer a economia e entulhar as pessoas com coisas que elas nem sabiam
que precisavam, colocar preços baixos em unidades imobiliárias para que morem
onde ate então não gostavam e vender tantos carros quanto possível antes que
alguém pense em parar essa loucura em detrimento da viabilidade urbana e baixa
emissão de gases poluentes.
A hora é agora. Deve-se balizar
o direito com os princípios ambientais e punir financeiramente os agentes
poluidores. Deve-se, em vez de reduzir, carregar a tributação de veículos e
garantir que esses impostos sejam destinados ao transporte publico e a boa
manutenção das estradas, sendo o papel da população exigir a correta aplicação
do dinheiro proveniente dessa renda. Os planos diretores não devem coibir novos
empreendimentos, mas definir padrões severos, acabando com a poluição visual,
além de estimular a manutenção e renovação das construções, que mantêm a
arquitetura de nossos antepassados, através de programas de isenção do IPTU,
isso antes que destruam tudo.
Utopia? Não, adequado
funcionamento social. A população deve sair um pouco da sua zona de conforto,
expressão tão utilizada no futebol dos últimos tempos e sacrificar um pouco da
sua comodidade em benefício do bem estar ambiental e social. Parar de andar
individualmente em carros feitos para cinco e aceitar pagar mais em troca de um
retorno ecológico. É preciso entender que estimular o consumo de produtos que
se tornaram descartáveis, como, impressionantemente, carros e eletrônicos, terá
consequências gravíssimas. Óbvio que as pessoas precisam de empregos, mas
existem tantas outras formas de estimular a criação de renda própria, tantas
profissões que seriam tão agradáveis para o nosso meio e que não são
estimuladas. Em compensação, a isenção de impostos para montadoras tem sido uma
das tônicas principais da Administração Pública.
É preciso entender que
todos não podem ter tudo ao mesmo tempo, mas podemos todos desfrutar daquilo
que construímos juntos, o que, no final, com certeza proporcionará mais
felicidade do que um lindo por do sol em meio à poluição visto através da
janela do seu carro parado no meio de um engarrafamento.
Cassiano Scandolara Rodrigues
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