30 de set. de 2012
26 de set. de 2012
O Voto... Como Óculos Para Cego?
Na “Política”,
Aristóteles afirma ser a
capacidade de discernir entre o bem e o mal, o justo e o injusto que distingue
o homem dos outros animais. E parece que o filósofo barbudo tinha mesmo razão.
A questão é saber, primeiro, qual o conceito de bom e justo de cada um. E olha
que para o bom e velho Ari, para os íntimos, o conceito de bom e belo estava
firmado na virtude. Segundo, se, uma vez detentor da capacidade de distinção do certo e do errado, a opção será pelo
primeiro caminho.
A proximidade dos pleitos municipais gera
reflexões dessa ordem. A busca por uma pessoa que, dotada de inteligência,
tenha também a capacidade de compreender o justo e a probidade para aplicá-lo
incondicionalmente. De fato, enfrenta-se uma época de vacas magras. Embora o
bordão “Que país é esse?” imortalizado por outro barbudo, o Russo, não ande
muito em voga, boa parte da ninhada de políticos recém parida parece ter
provindo de uma fêmea espúria, que lhes transmitiu a falta de escrúpulos e a ganância
como heranças inalienáveis. No campo religioso, cultivou ainda uma importante
lição: “o culto ao Deus-Poder acima de todas as coisas e o dever de adulá-lo
diuturnamente como condição de garantia da vida eterna”.
De qualquer forma, apesar da frustração, que
colocou todos brasileiros numa mesma estrada, buscando um mártir que
literalmente “salve” o povo e lhes garanta um lugar cativo no paraíso, ainda é
preciso votar. E o voto, ápice da democracia representativa, denota uma
possibilidade concreta de mudança do olhar que cada um debruça sobre a cidade.
Sim, a cidade é seguramente o principal campo de debates da eleição
municipal.... mas claro, como quem vive nas cidades são pessoas, lógico que a questão
central acaba descambando exatamente para a vida dos diletos habitantes da
pólis. E apesar do mar de lodo que habita as entranhas da política brasileira,
não tenho nenhuma dúvida que ainda é possível encontrar bons políticos. Novamente
voltamos aos conceitos. ... Quem é o bom político? Honestidade é imprescindível...
mas não adianta ser probo e incompetente, pois o dinheiro público continuará
indo para o ralo. Sabedoria. Capacidade de articulação e mobilização. Formacão política.
Conhecimento de gestão “pública”... Mas a palavra que define um bom mandatário
é, seguramente, “projeto”. As administrações identificam-se e eternizam-se com
a implementacão de projetos que mudem a vida das pessoas. Foi assim com a
educação em turno integral de Brizola, o transporte coletivo de Jaime Lerner,
as ciclovias de Peñalosa em Bogotá, o sistema de locação de bicicletas de
Paris, a participação da população nas decisões em Porto Alegre, o metrô de
Londres, os banheiros limpos e seguros do Rio de Janeiro...
Mas não é isso que elege ninguém. O que
geralmente coloca o candidato na cadeira de Prefeito é o carisma. E aqui mora o
problema. Se ele só tiver carisma e nenhuma das outras qualidades.... é o
prenúncio de um mandato que, certamente, trará muito mais tristezas que
alegrias.
De qualquer sorte, o voto é o exercício
democrático que nos é colocado à disposição, especialmente em face do notório
desinteresse nos instrumentos de democracia direta, muito mais fortes na Ágora
da Grécia Antiga do que nas assembléias públicas que apreciam mudanças do Plano
Diretor ou nos conselhos municipais. Deixo a Berthold Brecht a explicação da
importância do ato e da necessidade de rompimento com a desolação com a
política que aflige boa parte dos habitantes do planeta. “O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não
sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel,
do sapato, do remédio dependem de decisões políticas. (...) Não sabe o imbecil
que de sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior
dos bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio”.
Jeferson
Dytz Marin
20 de set. de 2012
Fanqueiros da Literatura.
A Tal Literatura Fanqueira. |
Fim de semana frio na serra. Inverno adoçado.
Outono abreviado. Ambiente propício aos cabernets, aos merlots, à lareira,
família, sopa de agnolini, batata-doce, pinhão e cobertor de orelha.
É... Embora o verão carregue consigo o afã tropical do clima de pouca roupa, alma leve e
face de desopilo, o inverno tem lá seus predicados! E a serra é a cara da estação
do frio, da neblina, que incita a aproximação e a busca das companhias imanentes. De fato, a semana que
ultimou trouxe consigo o séquito dos amigos, o mate compartilhado, o fogo como
signo da união, da partilha, da vida vivida.
Mas falando em autenticidade, em alteridade, esses
são atributos que andam ausentes em boa parte da literatura...
MOEDEIROS FALSOS: A MERCANTILIZAÇÃO DA CULTURA
Machado de Assis, já em 1859, cuidava do tema,
censurando de forma veemente os escritores oportunistas, que “fazem do talendo uma machina, e uma machina
de obra grossa, movida pelas probabilidades financeiras do resultado, perdendo
a dignidade do talento e o pudor da consciência”.
A Academia Brasileira de Letras que o diga, vez
que incluiu dentre seus “imortais” José Sarney e Paulo Coelho, enquanto deixou
de fora verdadeiros literatos, como o íncone do mercado público, o anjo poeta,
o mais ilustre morador do Hotel Magestic, Mário Quintana.
De fato, as obras de auto-ajuda, que prometem a
felicidade instantânea, que têm o compromisso espúrio de inumar num piscar de
olhos as angústias psicanalíticas, as celeumas pessoais e, de quebra, os
problemas do espírito, abarrotam as livrarias e aguçam a sede das cobaias vivas
do cotidiano.
A história, a cultura genuína e a verdadeira
literatura perdem cada vez mais espaço para os fanqueiros literários, para os
escritores mercadológicos, que são fruto do consumismo desenfreado e de um
mercado burro voltado cada vez mais para o conhecimento instantâneo, midiático,
desprovido de qualidade e prazer.
Como bem descreveu Machado de Assis, “o fanqueiro literário é uma individualidade
social e marca uma das aberrações dos tempos modernos. Esse moer contínuo do
espírito, que faz da inteligência uma fábrica de Manchester, repugna a natureza
da própria intelectualidade”.
A CULTURA MANUELESCA DO DIREITO: TAMBÉM TEMOS NOSSOS FANQUEIROS
O direito não foge à regra machadiana. Também tem
seus escritores que se limitam a repetir o passado, a reproduzir realidades
vetustas e insistir em verdades absolutas que há muito foram relativizadas. O
positivismo, que identifica o direito com a lei e percebe nela a solução para
todos os males sociais, reflete-se em muitos manuais de Direito Civil,
Processual ou Penal... Um livro que se limita a pouco mais do que reproduzir a
lei não é uma obra literária, mas sim um instrumento tacanho a serviço do nada.
Enfim, sem a reflexão do direito, através de uma
postura questionadora, não teremos juristas preocupados com a mudança da
realidade social e a dinâmica das relações humanas, mas sim seres dotados de
uma conduta robótica, que despersonaliza as ações, refém da burrocracia e da tecnificação que olvidam
a existência do homem como ser pensante.
“Conhece-se
um fanqueiro literário entre muitas cabeças pela extrema cortezia. É um tic.
Não há homem de cabeça mais mobil e espinha dorsal mais flexível”. Mas também temos a boa literatura.... e a
boa música... Há vida após o fank...“Se
eu ousar catar, na superfície de qualquer manhã, as palavras de um livro sem
final. Valeu a pena. Sou pescador de ilusões”. Foi assim que terminou o fim
de semana. Ao som de Rappa...
Jeferson Dytz Marin
16 de set. de 2012
Decisão Judicial.
Justiça Divergente. |
HÁ JUSTIÇA EM UMA DECISÃO JUDICIAL?
Vivemos a chamada era do relativismo, das incertezas, das verdades mutantes e do fim de valores absolutos. E a constatação é positiva ou negativa? Parece que a resposta pode ser num ou noutro sentido,dependendo do ângulo que é observada. Contudo, a verdade é que a incerteza se traduz num sintoma da modernidade e temos que nos acostumar a conviver com ela.
Como afirmou o
próprio Marx, há muito, a mordernidade faz com que “tudo que seja sólido desmanche no ar”. Atualmente, o sociológo
polonês Zygmunt Bauman, um best seller, autor de livros como “Modernidade e
Holocausto”, “A arte da vida”, “Amor líquido”, “Tempos líquidos” e
“Identidade”, deu asas a ideia do economista barbudo que combatia o
capitalismo, concebendo o que denominou de “modernidade líquida”. O tempo da
incerteza, da insegurança, dos conceitos que se dissipam, se dissolvem no ar.
Das verdades relativas, da crise de valores. Da ausência de rumo.
Rubem Alves asseverou que, “Quem não tem jardins por dentro e não planta
jardins por fora, não passeia por eles”. Sim, são os jardineiros que tendem
a ser os mais zelosos e hábeis dos seres humanos, os guardiões das utopias. É
na imagem do ideal pré-concebida pelos jardineiros – verdadeiros cuidadores –
que nos alimentamos para tentar manter vivas as utopias numa sociedade que as
fere de morte a cada dia que se vai.
DECISÃO JUDICIAL, INSATISFAÇÃO E VERDADE RELATIVA
O direito também
é vítima do fim das utopias. E a discussão da justiça de uma decisão judicial,
passa, necessariamente, pela concepção idealística. Mas afinal, uma decisão
proferida por um juiz, um terceiro que aprecia o argumento de duas partes,
representadas no processo por seus advogados, produz justiça? O que é justiça?
É possível conceber um conceito de justiça que seja capaz de abarcar uma
decisão equanime, ideal, a salvo de qualquer contestação?
Seguramente, as
pessoas que buscam o Poder Judiciário se perguntam, sempre, acerca da
pertinência ou não da decisão. Da justiça que ela produz no caso concreto! E não
há dúvida. É absolutamente minoritário o número de cidadãos que busca o
Judiciário sob o pálio da má-fé, da tentativa de ludibriar o juízo ou convictos
de que o argumento empregado não é razoável. As pessoas acionam o Estado,
através do Judiciário, já que, no mais das vezes, têm convicção de que aquilo
que afirmam está calcado na ideia de justiça, a partir de um senso comum básico.
Um mínimo existencial do direito. O que processualmente se denomina de
“condição da ação”.
Mas o certo é que
as decisões judiciais são relativas e produzem justiça, apenas, para a parte
vencedora. A ideia de “conforto”, de “acolhida” do Poder Judiciário, que dá uma
“resposta” ao cidadão que o busca, não parece encontrar correspondência no caso
concreto. A parte derrotada fica insatisfeita e, portanto, não percebe a
decisão como “justa”.
A SENTENÇA COMO ESCOLHA DE UMA DAS VERSÕES
Pode-se dizer,
então, que as decisões judiciais não produzem justiça concreta para ambas as
partes, embora no plano processual, a sentença seja aceita como válida. As
decisões, na verdade, elegem uma das versões postas por autor ou réu como sendo
a mais adequada, a mais fundamentada e aquela que condiz com os mandamentos
legais e jurisprudenciais. Além, é claro, da influência inevitável da formação
e do posicionamento do julgador, que, a partir da percepção forjada nas provas
produzidas no processo, decidirá.
A justiça existe.
Mas no plano das utopias. É bom que exista, que seja combustível para a
equidade, para um julgamento correto. As utopias são absolutamente necessárias.
Sem elas, não há sonho. Devemos acreditar nas utupoias. Contudo, no plano
objetivo, temos que reconhecer, com certo pesar, que a decisão judicial “opta”
pelos argumentos de uma das partes, gerando satisfação ao vencedor e angústia
ao derrotado. Ou seja, a justiça paira sobre aquele que convence o juízo e
vence a ação, desamparando o outro, que não logrou êxito em sua tarefa. E de
quem é a razão? Ambos a têm. Contudo, apenas um conquista seu reconhecimento.
9 de set. de 2012
A Irracionalidade da Razão.
O Grito - Edvard Munch. |
Historicamente, é
possível afirmar que o teocentrismo antecedeu o antropocentrismo e, este, por
sua vez, teria sido suplantado pelo biocentrismo, representado na necessidade
de integração entre homem e natureza. Contudo, a história também testemunha
que, quase sempre, se julgou ser o homem um ser superior a todas as coisas,
dotado de inteligência e infalibilidade.
Tal convicção produziu uma espécie de
soberba antropocêntrica e um exército de idiotas. O homem, de fato, é uma
espécie notável, não há dúvidas. Mas o mesmo homem que criou o avião o utilizou
nas conflagrações que vitimaram milhares de pessoas, o mesmo homem que
descobriu a energia para fins pacíficos, também a empregou no terrificante
desabrochar da “rosa de Hiroshima” e suas “rotas alteradas”. O mesmo homem que
criou a cura para milhares de doenças e viabilizou o controle de uma das
maiores patologias do século, a AIDS, também deu azo a desgraças devastadoras,
como a talidomida e os cânceres produzidos pelos agrotóxicos, aqui, bem debaixo
dos nossos narizes. O mesmo homem que se agrupou no movimento hippie e bradou por
liberdade de expressão também protagonizou vilipêndios de toda a ordem nos
inúmeros regimes ditatoriais que envergonham a história. O mesmo homem que,
através de Freud, Lacan e Young buscou alento para os desassossegos da mente,
também produziu experiências nefastas, quando, no regime nazista, lançou mão de
cobaias humanas para a identificação de seus limites psíquicos.
O homem, portanto, não é infalível e
nem tampouco é o epicentro do universo ou do planeta. É mais um elemento de um
ecossistema composto por milhares de organismos vivos. E é exatamente a
consciência da insignificância da raça que poderá nos aproximar da serenidade e
sepultar a auto-idolatria. Fim à comunidade de narcísicos!
Aliás, Shakespeare, Pascal e Darwin
já questionavam a afirmação de que o homem seria a maior das maravilhas do
mundo. Mais, se nos reportarmos a uma das mais conhecidas sentenças bíblicas,
como lembra Mario Cortella, será possível dimensionar exatamente a
insignificância do homem; no caso, perante Deus, mas seria perfeitamente
possível considerar outras referências, o universo, o planeta ou a própria
natureza. Num período de reflexão, disse Abraão, “Vou ousar falar ao meu
Senhor, eu que não passo de pó e cinza” ( Gn 18,27). A frase, se dita em latim, alcança ainda mais força, “Pulvis es et in pulverem reverteris”, ou,
“És pó e a ele voltarás”.
E é esse sentimento, de consciência
dos limites do homem e de que ele pertence a um sistema, a uma engrenagem que
envolve milhares de outros elementos, somado à convicção na finitude – ao menos
terrena – que nos impulsiona e permite assimilar a noção e a importância de
“progresso”. O homem não é o redentor e
o mártir de uma profissão de fé, é apenas um dos protagonistas da história.
É preciso recuperar o verdadeiro
sentido de carpe diem, escrito por
Horácio em suas Odes
e rememorado belamente em “Sociedade dos Poetas Mortos”, uma das grandes obras
que o cinema já produziu. O sentido de “aproveite o dia” não pode ser traduzido
em expressões correntemente empregadas como “curta o hoje, pois a vida é
breve”. O carpe diem de Horácio
lembra o “equilíbrio e a virtude” e não o “viva hoje o que não pode viver amanhã”. A
panacéia de games, o acesso
desqualificado e frenético a sites que nada dizem e a busca por drogas traduzem
um pouco do efeito da crença de que “o hoje termina amanhã”. A vida deve ser
vivida passo a passo, um após o outro. A desesperança e as frustrações fazem
parte da jornada e isso é natural, mas não justificam o abandono do bom
caminho. Junto com a constatação de que quanto mais sabemos, na verdade, menos
sabemos, não deve vir a sensação de que somos todos idiotas, muito embora, se
considerado o arcabouço de conhecimento acumulado pela história, essa seria a
conclusão mais sensata. É a ambição, distinta da ganância, que deve motivar a
busca do conhecimento, da melhora de vida ou da plenitude afetiva. É preciso
afastar o risco de que a indigência intelectual, a repetição e a morte do afeto
nos tornem “animais satisfeitos que dormem”, como certa vez disse Guimarães
Rosa. Ou, como dizia Raul Seixas, “Não posso ficar aí parado. No trono de um
apartamento. Com a boca escancarada. Cheia de dentes. Esperando a morte
chegar”.
Jeferson Dytz Marin
Revisitando a Locomoção Urbana.
8 de set. de 2012
Alfabetização Ecológica.
Horta Ecológica - Instituto Socioambiental de Valéria, Salvador / BA. |
O MEIO AMBIENTE E A ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA
O meio
ambiente, mais do que nunca, dá sinais de debilidade, de fraqueza. Copenhagen
chancelou, do ponto de vista formal, a preocupação central do mundo: a
economia. A crise não permitiu que se discutisse de forma séria a questão
ambiental. O alerta do clima, presente em todos os cantos do planeta, passou
despercebido. O semblante pálido e desolado da mãe natureza foi o que restou...
As
convenções anteriores representaram um avanço bem mais significativo do que a
atual, que deveria ser a responsável pela resposta mais enfática de todas. O
Haiti, com os furacões, o Rio de Janeiro, com os desmoronamentos, o excesso de
chuvas em São Paulo...
As consequencias da devastação ambiental deram início ao
caminho sem volta. E a questão é sistêmica. Os problemas não estão apenas ao
largo, mas debaixo dos nossos narizes. A água que vitimou a safra da uva e as
propriedades rurais, o calor do inverno, o frio do verão.... Precisamos,
decisivamente, tomar uma atitude! E parece que a educação ambiental é a melhor
alternativa para o retardamento do fim do ciclo.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A
educação, hoje, especialmente no que se refere às Ciências Humanas, tem
sinalizado no sentido do rompimento com o estudo sacralizado do saber que
venera as verdades absolutas e o mito da certeza, bases do vã afã de
estabilizar as relações sociais.
Hoje,
construir uma análise a partir da organização viva, reconhecendo uma espécie de
ligação entre a ordem e desordem, amparada numa ideia dialógica que compreenda
o sistema de ensino, a relação com a sociedade e a própria convergência pessoal
dos seres humanos, registra a pretensão de reconhecer a complexidade do mundo
moderno e permitir a aplicação de uma prática transdisciplinar.
Isso,
contudo, jamais deve prescindir da ideia de que estamos no universo, apesar de
pensarmos o mundo, também, a partir de nossas vivências locais. Assim, o todo
não pode ser compreendido sem as partes e as partes não podem ser compreendidas
sem o todo.
Devemos
considerar, do ponto de vista ambiental, a necessidade de combate à destruição
da camada de ozônio, mas também o cuidado na coleta seletiva do lixo. O
universal e o local.
O
processo de educar, ou alfabetizar ecologicamente, de forma sistêmica, envolve
conhecer a natureza, sua ação antrópica no meio ambiente e suas consequências,
redesenhando a rede para a sustentabilidade, promovendo mudança de paradigma de
uma cultura agressora para uma cultura harmônica e sustentável, extraindo
conhecimento da natureza, uma maneira de ver o mundo como um todo integrado.
Essa
compreensão do ambiente em que vivemos é fundamental para o alcance da
inclusão, que passa, naturalmente, pela compreensão dos direitos civis
individuais, dos direitos sociais, dos novos direitos e dos direitos coletivos,
enfim, de todas as dimensões – ou gerações – de direitos.
O NOVO PARADIGMA
O
paradigma educacional, sempre que abordado, nos mais diversos níveis, denota
efetivamente a mudança de atitude, de compreensão, em busca de uma nova
dimensão ambiental espelhada no homem e no meio ambiente, intuindo fomento de
transição para a sustentabilidade da vida das presentes e futuras gerações.
Dentro do
contexto educacional, um dos desafios da atualidade é a educação do indivíduo
como ser humano inserido em seu meio, seja ele social, físico ou político.
Dessa forma, a ideia é ter consciência que o homem é parte do todo.
Fritjof
Capra, um dos principais autores da teoria sistêmica, busca na sabedoria da
natureza a alfabetização e, para entender as redes e os ecossistemas, formula
princípios básicos utilizados para construção de comunidades sustentáveis, que
dizem respeito diretamente à vida.
O certo é
que o homem passa a ter cada vez mais consciência da possibilidade de sua
finitude ou, ao menos, da proximidade de encerramento de um ciclo. O
derretimento das geleiras, as mudanças abruptas do clima, a incerteza da
estabilidade das estações, a escassez da água e a o avanço pernicioso da
poluição nas metrópoles oferecem a certeza de que a preocupação é evidente.
Precisamos nos dar conta que a preservação ambiental não é uma questão
panfletária ou fundada apenas no alcance de ISOs. É a base da sobrevivência do
homem.
Jeferson
Dytz Marin
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